"The Thunders, um caso de sucesso nos anos 60"


The Thunders, ou, Os Trovões, como os chamavam na versão lusitana, foi um conjunto dos anos 60 em Macau, que mais sucesso alcançou não só na sua terra natal, como na vizinha colónia britância Hong Kong. Suas músicas de destaque foram a canção Macau (terra minha) que pode ser ouvida aqui em versão original de 1970 e a regravada em 2004, e outra, She´s in Hong Kong (Ela está em Hong Kong).  Esta formação foi originada de outra banda Colourful Diamonds, que sob esta denominação também alcançou sucesso nos festivais de música.

Em 1971, a banda se desfez.  Quatro dos seus integrantes, Armando Ritchie, Herculano Airosa "Alou", Manuel Costa e Rigoberto Rosário Jr. "Api", emigraram para o Brasil.  O Domingos Rosa Duque "Lelé" permaneceu em Macau.  Uns tempos depois, Manuel emigrou do Brasil para o Canadá.

Cerca de 30 anos depois, The Thunders voltaram a tocar em Macau, no Encontro das Comunidades Macaenses de 2004, realizado em Novembro/Dezembro.

Isso aconteceu no jantar de encerramento em 5 de Dezembro, ocasião em que foi lançado o novo CD “The Thunders de Macau, um caso de sucesso nos anos 60”. Os 2.000 discos editados foram todos adquiridos pelo público presente, que disputaram bastante para comprar seus exemplares, com muitos a adquirirem mais que um.

Cecília Jorge no livreto que acompanha o CD conta a história do conjunto, e na festa apresentou o conjunto conforme o texto abaixo.

Muitos emocionaram-se ao ouvirem a canção tema dos macaenses “Macau” na voz de Rigoberto Rosário Jr. “Api”, disputando espaços para fotografar, filmar, ou simplesmente matar as saudades dos anos dourados da década 60.  Adalberto Remédios foi o convidado especial com o seu bandolim nessa canção.

Em São Paulo, Brasil, 3 dos componentes, Armando, Alou e Api, por alguns anos, ainda se juntaram algumas vezes para tocar nas festas da associação macaense local.

 



 















Cecília Jorge, com a palavra

"Uma das melhores “colas”, das mais fortes e sólidas, para manter unidos estilhaços de uma comunidade é a partilha de um passado comum. São coisas aparentemente sem importância, os nossos pontos de referência, o bairro de cada um, que inclui os vizinhos, mas também os amigos (de outros bairros) que os frequentavam: São Lourenço, Sé, São Lázaro,Baixo Monte, Toi San …ou Tap Seac.

Partilham-se as alegrias, as tristezas, os carnavais e as festas memoráveis. Contam-se, e recontam-se aos filhos, ‘estórias’ ou menos divertidas e engraçadas. De figuras que toda a gente conhece, às vezes pelos nominhos e alcunhas. Personalidades que a maioria só fixou pelo apelido … ou pelas manias. As guerrilhas e o bairrismo, o orgulho e a solidariedade – tudo passa a ser tão comezinho, quando se olha a uma distância de quase meia vida.

Tudo é visto e repassado, quando se junta um grupo de amigos, com uma abertura imensa, que ao macaense, numa das suas melhores características, serve para divertir. E aí aparece, naturalmente, nem que seja um sorriso divertido, ou então a gargalhada sonora … a acabar com pequenas hostilidades.

Gostava que olhassem para este “resumo” da história dos Thunders como um relato que se conta numa roda de amigos. Com amizade, com o gosto de quem quer transmitir aos outros – ainda que não completamente – o que terá sido ter uma banda pop em Macau dos anos 60-70 … e tentar ser famoso.

Sonhos de juventude aliados a muita força de vontade, e muito engenho, aliados a muito talento. Jovens que fizeram por dar o melhor, com as poucas armas que tinham.

Não havia educação musical (ou melhor…já  tinha deixado de haver há muito tempo) e todos os músicos “tocavam de ouvido”, e iam ensinando uns aos outros. O dinheiro escasseava … e partilhavam-se os instrumentos que havia. Era normal nas festas as bandas passarem os instrumentos aos que iam actuar a seguir, para poupar recursos.

Talvez isso ajude a situar o verdadeiro significado  da popularidade dos Thunders, nos anos 1968 a 1972. Era música ‘pop’, e chamaram-lhe os musicólogos entre outras designações, ‘bubble-gum music’ … Os mais jovens aderiram quase a 100 por cento a uma vaga musical nesta região que, salvaguardadas as diferenças … de desenvolvimento e de marketing em países mais avançados, veio a produzir por exemplo, os Beatles.

Outros grupos marcaram-nos as memórias em Macau. E deles falam-nos mais as conversas em rodas de amigos do que os jornais, que na altura tratavam de outras questões. Os Thunders, bem vistas as coisas, deixaram-nos ficar composições originais … em Português e em Inglês, que ainda hoje a maioria consegue trautear. Ofereceram-nos a alegria de termos conseguido – “termos”, no sentido colectivo – triunfar em Hong Kong.

Pequenas vitórias,talvez, mas ainda assim… difíceis ! Mas deixaram-nos sobretudo a certeza de que o nosso passado têm referências: em imagem, em letra de jornal, em música, em emoções que nos unem.

A nova versão das suas mais conhecidas composições, gravadas em 2004, são por isso mesmo, uma renovação das recordações … num formato mais acessível, para melhor partilha:em cd.

Mas quem tiver os temas originais em discos de vinyl… guarde-os religiosamente, como herança … já são raridade.

Lanço a cada um dos Thunders o desafio de escreverem eles próprios um romance a contar o que foi ser músico, e ser jovem naquela altura.

Teria imenso interesse.

Deixo-vos com os Thunders."

Cecília Jorge

Macau, 5 de Dezembro, 2004

 

Video postado no YouTube pelo usuário Macanese5354, de Hong Kong

O video-foto-clip é da canção "She's in Hong Kong".  Este video é reproduzido no YouTube por vários usuários, aparentemente de Hong Kong.  Isto devido ao grande sucesso alcançado na ex-colónia britânica nos anos 60.

 

Outro video-foto-clip do Macanese5354 da canção "A Minha Tristeza".  Ambas cantadas por Rigoberto Rosário Jr. "Api"




 

Divulgação Junho 2010

O PMM agradece a cessão dos direitos para reprodução das músicas