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SER MACAENSE

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O Projecto Memória Macaense dá sequência a uma bela iniciativa do JORNAL TRIBUNA DE MACAU, quando, por ocasião do Encontro das Comunidades Macaenses - Macau 2004, publicou diversos depoimentos sobre o que é - SER MACAENSE.
Alguns foram salvos por este autor e publicados no portal.  Por este motivo, aqueles que não puderam ser salvos, infelizmente, deixarão de constar destas páginas.
No entanto, fica aqui aberto o espaço para todos os macaenses que queiram contribuir com os seus depoimentos
Mande-o para este e-mail (clicar aqui), juntamente, se quiser, com uma foto sua e outros dados pessoais que julgar conveniente, como, sua localização, onde nasceu, estudou etc.
Duas palavras, uma frase, um longo texto ... não tem importância.  Não nasceu em Macau? Mas vive ou viveu por lá?  O espaço está também aberto para você. 
O que interessa é a sua opinião, o seu sentimento, o seu estado de espírito, o seu amor por Macau !!!
 
- PARTICIPE, expresse o seu orgulho de SER MACAENSE
ou SENTIR-SE MACAENSE, pela sua vivência em Macau, mesmo que não seja a sua terra natal -
 
Rogério P.D. Luz
 

Nesta página, depoimentos de:
- Lourdes Santos
- Armando Jesus Sales Ritchie
- Frederico Ernesto S.Martins
- Victor Serra
- Rogério dos Passos Dias da Luz
- Henrique de Senna Fernandes
- Virgínia Badaraco
- Rui Luz Francisco
- Luís Machado
- Rui de Sousa Pereira  
- (10) Pedro Almeida
 
 

 
SER MACAENSE É SERMOS NÓS PRÓPRIOS E SENTIRMOS CIDADÃO DO MUNDO
por Lourdes Santos (Portugal)

 

Ser macaense é estar-se aberto ao mundo global, estar na fronteira de várias culturas, pensar e sentir em três línguas ao mesmo tempo - português, chinês e inglês. É sentir um aperto quando nos aproximamos do Oriente e fluir com a magia de Macau quando lá chegamos e apreciar os sons, as luzes, os sabores, os aromas, as pessoas... tudo. É ter saudades do Liceu e de comer chit cheong fan no intervalo das aulas. É sermos nós próprios e sentirmos cidadão do mundo.

 

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( 1 )

"Ser macaense não é somente ter nascido em Macau"

 

por Armando J.Sales Ritchie

A definição de macaense não se esgota na circunstância de se ter nascido em Macau, devendo ter em conta também o significado das vivências e  o conhecimento da história do território, ou mesmo dos sabores e cheiros da cidade, realça ao JTM Armando Jesus Sales Ritchie, actual conselheiro consultivo da Casa de Macau em São Paulo, instituição que presidiu entre 2000 e 2002 e representará no futuro Conselho das Comunidades Macaenses

"Ser Macaense não é tão somente ter nascido em Macau.

É ter conhecimento da sua história e vivenciado cada acontecimento até ao presente e acompanhar o futuro, desde o momento em que a sua formação intelectual o permitiu.

Ser Macaense é viver Macaense, é conhecer o cheiro, os sabores, é ter bebido a água do Lilau, e conhecer os sinais de ventos erguidos no Farol da Guia nas épocas de tufões.

É ter acompanhado e carregado o andor nas procissões de Nossa Senhora de Fátima até à Ermida da Penha, do Senhor dos Passos da Catedral da Sé, do Senhor Morte da Igreja de Santo Agostinho à Catedral da Sé, do Santo António da Igreja do mesmo nome.

É ter brincado de talú, triós, chiquia, in chai hap, piem piem koi, kun chai chi, queimado pau cheon, este último por ocasião das festividades do ano novo chinês, e brincado também de tan lou nas festas lunares chinês, quando ainda na adolescência.

É conhecer o patuá, o dialecto muito falado pelos nossos ancestrais e que hoje corre o risco de ser esquecido. Parabéns ao Grupo Teatral "Dóci Papiaçam" que a muito custo batalha para a preservação do dialecto.

É ter estado na Fortaleza do Monte para ouvir o relato de futebol na ocasião do campeonato mundial de 1966.

É saber saborear a suculenta gastronomia Macaense e preparar alguns pratos tradicionais, tais como; o Minchi, o Tacho, a Cabidela, o Diabo e etc.

É ter orgulho de ser Macaense e saber transmitir aos seus filhos e netos, a tradição e costumes.

É ter participado activamente nos acontecimentos desportivos, administrativos, legislativos, representatividades, contribuindo com trabalhos sem medir esforços, muitas vezes sem remuneração, mesmo à distância, em prol da Terra que um dia lhe serviu de berço.

(...) O Encontro das Comunidades Macaenses é de suma importância. O Encontro representa não somente rever a família, amigos e matar as saudades. O Encontro traz, além disso, a união, estreita os laços de amizade, amplia o horizonte em vários campos, cultural e profissional, permitindo a troca de impressões que podem vir a enriquecer o aprendizado e consequentemente engrandecer o ser.

(...) O Conselho das Comunidades Macaenses é um marco recente da nossa história. É considerado também de suma importância por se tratar dos assuntos de interesse das Comunidades espalhadas no mundo e, com isso, preservar a nossa identidade, a nossa história".

Reproduzido do Jornal Tribuna de Macau

 

 

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( 2 )

CCM será um símbolo tangível, de e para todos os macaenses

por  Frederico Ernesto S.Martins

ex-Presidente da Casa de Macau de S.Paulo

“O Conselho das Comunidades Macaenses é uma importante instituição que irá manter viva e será, de forma tangível, um símbolo para todos os macaenses” diz Frederico Ernesto Silvério Martins, antigo presidente  da Casa de Macau de São Paulo e empresário no ramo da importação-exportação, que lança ainda uma apelo para uma “maior participação da comunidade macaense residente em Macau nas festividades”

(…) Ser macaense é saber continuar amando muito Macau mesmo vivendo longe dela e para aqueles que lá moram saber conviver com a nova realidade.

É falar pelo menos 3 línguas, e muitas vezes usando todas elas para expressar uma única frase;

É ter alinhos puxados, cabelo preto escuro, nariz pequeno e surpreender a todos ao falar um bom português;

É ser capaz de apreciar sabores tão antagónicos como o bacalhau português e o “cha xiu pao” chinês, e ainda por cima saber tão bem misturar tudo isto e preparar um único arroz gordo ou prato de “minchi”;

É saber apreciar um bom fado bem como uma longa opera de cantão;

Enfim, ser um dos poucos grupos afortunados o bastante para poder ser ao mesmo tempo Ocidental e Oriental, estando no meio mas ao mesmo tempo ligado e mesclado a ambas as culturas.

(…) Acredito que a continuidade dos encontros periódicos em Macau é muito importante. Aqui no Brasil, muitos dos participantes não fariam uma viagem a Macau devido à distância e preço da passagem aérea (viajando em grupo se consegue melhor preço, sem falar do subsídio) além de poder contar com a companhia de amigos e a possibilidade de reencontro com antigos colegas de escola/trabalho que moram em outros países. Neste aspecto gostaríamos de ver uma maior participação da comunidade macaense residente em Macau nas festividades realizadas durante este período.

(…) Nossa pequena comunidade macaense não tem um governo por assim dizer, portanto acreditamos que o conselho das comunidades macaenses é uma importante instituição que irá manter viva e será, de forma tangível, um símbolo para todos os macaenses — e que, espero, se perpetuará por muitas gerações e servira deste modo de “apoio” e referência a todos os macaenses espalhados pelo mundo.

(reproduzido do JORNAL TRIBUNA DE MACAU - www.jtm.com.mo)

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( 3 )
VICTOR SERRA em entrevista ao Jornal Tribuna de Macau, deu este depoimento sobre Ser Macaense:
 

Para si, ser macaense é…

-          …difícil de definir. Tenho lido vários depoimentos publicados e noto precisamente essa dificuldade por um lado e, por outro, uma certa unanimidade em se assumir que é macaense quem se sente macaense. Para mim, também não há uma definição pré estabelecida. Macaense é aquele que realmente se sente macaense, pensa e actua como macaense. Como é que isso pode ser definido? Não sei… mas posso acrescentar que o importante é o sentimento. Macaense não é só aquele que nasce em Macau (por vezes nem conta) como se tem por vezes dito. Aliás, a naturalidade não é nem condição suficiente nem obrigatória. Também não é macaense aquele que se auto- proclama como tal. É macaense quem sente, quem ama a terra, a comunidade, o seu modo de viver e todo o seu passado, mas que também trabalha por preservar os nossos valores Não é só dizer que se gosta e deixar-se quieto, é preciso trabalhar…

 

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( 4 )

Encontros ganham mais importância nesta nova “era macaense”

 

por Rogério dos Passos Dias da Luz, autor deste portal

 

Os Encontros em Macau ganham mais importância, nesta nova “era Macaense” diz Rogério dos Passos Dias da Luz, (qualificação conforme acima) sublinhando  que o sucesso do Conselho das Comunidades “dependerá do trabalho de todos”

“Era um domingo. Avizinhava-se o Encontro Macau 2004. E, os Thunders esforçavam-se a ensaiar na casa do Alex Airosa para o grande momento. Em companhia de outros macaenses, lá eu os assistia, além da minha esposa brasileira “naturalizada macaense”, de tanto gostar de Macau. Entre uma música e outra, a ouvir seus antigos sucessos, algo bateu em mim. Passei a sentir no ambiente um “cheiro macaense”. Comecei a olhar à minha volta. Olhares atentos, mistos com uma ponta de saudade, de quem vive longe da sua terra natal, mas que naquele momento, a música lhes trazia velhas recordações. Havia já aquele clima de preparação para a festa familiar em Macau. Uma festa macaense, com reencontro de amigos, a reviver os velhos tempos dos festivais de música e tantas outras coisas, indescritíveis.

Ouvir a canção Macau, então, desaba emoções. Impossível negar que meus olhos não lacrimejaram, se não dos outros também. Quem resiste ao tamanho “golpe” de saudade? Era voltar 35 anos para trás, quando estudava no Seminário de São José e morava na Calçada do Tronco Velho. Lembrava da tamanha tristeza sentida, quando o táxi conduziu-me aos cais do Fat Sán, a percorrer pela Av. Almeida Ribeiro. Olhava para trás e despedia da minha terra — “adeus Macau”. Não sabia se um dia voltaria, já que emigrava para um País tão distante, que era o Brasil.

Além disso, comecei a reflectir sobre tudo o que aconteceu após a Reunião Preliminar em 2003. As iniciativas da gente macaense a trabalhar para a sua gente macaense, a começar pelo lançamento da “concepção da ideia” para a formação do Conselho das Comunidades Macaenses. Seguiram-se depois, reuniões, polémicas, etc., típico da vontade da comunidade em participar deste tão importante momento, que marcará o início do que se poderia chamar de, uma nova “Era Macaense”.

“Ser Macaense” é isso, além do que já leram de depoimentos já divulgados, e de tantos outros que hão de vir. É poder ter o privilégio de sentir toda esta emoção pela vivência em Macau. É ter uma história para contar da sua terra. No meu caso, é poder produzir um portal na Internet para desabafar a saudade, e a alegria de poder se certificar que muitos compartilham deste sentimento.

Os Encontros em Macau ganham mais importância, nesta nova “era macaense”. Se vinham sendo organizados por um grupo de patriotas macaenses, agora, pelo visto, estes patriotas se multiplicarão para dar o seu contributo através do Conselho. E que perdurem por anos e anos, sempre em Macau, caso contrário, perderá a característica de uma romagem de saudades, que é o principal motivo dos Encontros.

Quanto ao Conselho das Comunidades Macaenses, nós temos que admitir, que muitos sonharam, uns tentaram, mas quem finalmente concretizou este velho anseio dos macaenses, foi com muito mérito, a Comissão Organizadora do Encontro Macau 2004. Pesem os pesares que uns reclamam, é impossível criar algo que possa alegrar a todos. Seria fictício! Assim, não podemos negar que vivemos um novo momento histórico para Macau, após aquele da transição. Como dito, inicia-se uma nova Era Macaense e para criar consistência, dependerá do trabalho de todos os membros do Conselho. E, Deus queira que ele traga resultados positivos para todas as comunidades macaenses, quer de Macau, quer da Diáspora, e a todos aqueles que nutrem o sentimento de “ser macaense” ou “estar macaense”.

Reproduzido do Jornal Tribuna de Macau

 

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( 5 )
Henrique de Senna Fernandes, escritor e um dos mais ilustres macaenses, no seu discurso no Instituto Internacional de Macau, quando foi agraciado com o prémio Identidade (macaense) do IIM, disse:
" ... ser macaense é ser diferente de muitas maneiras, é o resultado de um todo colectivo que diz respeito a três culturas diferentes. Os chineses de Macau não são iguais aos do continente ou de Hong Kong. São diferentes como diferentes são os portugueses que vieram viver para Macau e cá continuaram abrindo-se para perceber a nova sensibilidade que os rodeava, a nova cultura que aqui encontravam. Macau é uma lição de amor e amizade entre raças. E até se consegue chegar a uma plataforma de entendimento entre os três intervenientes”.
(reproduzido do Jornal Tribuna de Macau - www.jtm.com.mo - edição 13/Abril/2005)
 
“Portugal é a minha pátria e Macau é a minha mátria”
Henrique de Senna Fernandes

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                              ( 6 )

Sou a Virgínia Badaraco Vieira, da Família dos Badaracos, mais propriamente dito de Cecília e Santiago Badaraco (Tiago) e tenho 3 irmãos: Daniel, Orlando e Alfredo.

Todos nós estudámos na Escola Comercial Pedro Nolasco.

Nasci e cresci em Macau, vivi lá até aos 22 anos e todos esses anos foram sempre vividos com grande emoção e alegria, não trocaria esses anos passados naquela terra  tão soalheira, que outrora fora, por nenhuma outra parte do mundo.

Vivo presentemente em Portugal (há 33 anos).

 

Uma Macaense a viver em Portugal há 33 anos

 

É continuar apegada(o) à nossa terra, à nossa língua, aos nossos hábitos e costumes, alguns herdados dos portugueses (“Ngao Sôks”).

É ter uma saudade imensa da nossa gastronomia, dos mercados com os peixes vivos, das tascas, dos vendedores de comida ambulantes, onde nos deliciávamos com as nossas ceias sentados nos banquinhos, dos passeios de bicicleta, dos banhos no porto exterior “barracas”, da piscina enorme que tínhamos já naquela época, onde nadávamos horas a fio, dos nossos “parties”, do Natal, da missa do Galo, da ceia em família, da visita às casas dos familiares no dia de Natal onde íamos buscar as nossas prendas e guloseimas, do Ano Novo Chinês com aqueles doces e bolos próprios da celebração da entrada do ano novo lunar, dos tão desejados “lai sis”, dos “panchões”… das ruas, dos jardins onde brincávamos, tudo isto nos deixa muitas saudades quando estamos longe dela.

 

Ser Macaense, independentemente do sítio onde se vive, é ter o desejo de encontrar e rever os nossos familiares, amigos de infância e colegas de escola, a necessidade de conviver com a “gente macaense” e arranjar sempre pretextos para nos encontrarmos, conversar e relembrar com saudades a nossa terra natal “Ou Mún”.

( 7 )

Um depoimento de Rui Luz Francisco / Macau 

 

Antes de mais os melhores agradecimentos ao Rogério da Luz por essa óptima e excelente iniciativa da criação desta nova página, para nós "os macaenses" podermos expressar livremente as nossas opiniões. Muito Obrigado.

 

E agora, apenas em poucas palavras, vou expressar pessoalmente o que é ser macaense:-

 

Ter nascido em Macau,  crescido, estudado, convivido com a população local quer portuguesa ou chinesa, experimentado os sabores de Macau (comida chinesa das mais variadas e típicas, comidas macaenses das mais típicas como por exemplo "bafâ-assâ"(carne  de porco com molho de assafrão); tcháu-tcháu péle(cozido macaense); galinha tchau-tchau parrida (galinha refôgada); e comida à portuguesa como uma boa feijoada à transmontana; cozido à portuguesa; bacalhau guisado; sardinhas na brasa com salada de tomates, bife com batatas fritas, etc... etc...beber vinho tinto português, cervejas de variadas nacionalidades, comer  Tcháu-min, Vân-tân-min,  pák-tchôc (canja branca de arroz) com Iau-Tcháu-Kuâi(fritura para acompanhar a canja branca de arroz); H''ám Iôk Tchông (bolo de arroz com toucinho de porco e ovos no interior) e beber muito chá chinês de milhares qualidades. E ter conhecido quase todos os cantos e recantos da cidade de Macau e as ilhas da Taipa e Coloane. Dominar três línguas faladas fluentemente e que são o português, cantonense e o inglês.

E, para terminar, só desejava que os macaenses fossem mais unidos quer os que estejam fora (no estrangeiro)  e em Macau. Porque, infelizmente, na realidade, a comunidade macaense nunca foi tão unida, como algumas vezes que por aí se apregoa.  E, infelizmente, há os que em determinadas ocasiões manifestam-se Macaenses e em outras, omitem que os são.

 

 

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                                                      - 8 -

Luís Machado nascido em Macau, actor do Doci Papiaçam di Macau, é Secretário Geral do Conselho Permanente do Conselho das Comunidades Macaenses, teve o seu depoimento publicado no Jornal Tribuna de Macau, que segue aqui reproduzido:

 

SER OU NÃO SER MACAENSE ?–Eis a questão!

Não me vou alongar muito em considerações antropológicas sobre este tema, mas o ser-se MACAENSE ou não, é de facto tudo aquilo que já aqui foi escrito nas páginas deste Jornal e noutros, por conterrâneos meus ou por pessoas que não são naturais desta cidade do Santo Nome de Deus de Macau e está fundamentalmente no sentir do que nos vai na alma.

 

Nasci no Hospital de S.Rafael e a minha primeira casa foi a Fortaleza do Monte (o meu Pai era militar em comissão de serviço) há quase meio século e desde aí que também eu procuro uma resposta para esta pergunta.

 

Mas será que o facto de aqui termos nascido nos dá acesso à “TRIBO” dos Macaenses? Ou serão as nossas raízes o factor preponderante para nos considerarmos “GENTI DI MACAU” ou “MACAU FILO” ( do patuá - PESSOAS DE MACAU ou FILHOS DA TERRA ) todos estes factores são preponderantes mas volto a repetir ainda não são condição sinequanon para o ser-se Macaense! Mas há mais ...muito mais...

 

Na minha modesta análise ao longo destes últimos 50 anos dos quais práticamente 40 foram aqui vividos a definição do abstracto ao mais concreto passa pelas seguintes premissas lógicas,( que me perdoem os peritos em Informática), pois aqui vão então para o bem e para o mal o rol de virtudes e defeitos dos “maquistas chapados” salvo as devidas excepcões evidentemente .

 

O MACAENSE É:

·        Um individuo que sofre imenso de saudades de Macau quando está fora por um periodo superior a 15 dias;

·        Não passa sem o Minchi e o Chit Cheong Fan , apa-bico;

·        Come caldo verde e bacalhau, xilicotes  e ah tossi ;

·        E o bolo menino e o mármore:

·        Sabe beber tinto e whisky sem cair para os lados

·        É um pinga amores (Ele - galo-dodo!), um romântico, carinhoso (ela - xistosa!);

·        Só ele sabe aplicar bem o termo “CHUPÁ OVO”;

·        Nunca se deixou enganar por pára-quedistas ou arrivistas;

·        Sofre muitas das vezes calado ;

·        Insurge-se contra as injustiças;

·        No dia a dia usa 40% de palavras em cantonense no seu discurso;

·         Gosta muito de papiá e ainda não se esqueceu do patuá dos Avós;

·        Não admite que se mal-trate ninguém muito menos um conterrâneo seu!;

·        Orgulhoso e não esquece fácilmente o mal que lhe fizeram;

·        Tem muito bom coração ;

·        Por vezes gosta de chuchumecar ;

·        Católico (por vezes não tanto praticante quanto os Padres gostariam que fosse);

·        Supersticioso, acredita muito em superstições chinesas;

·        Gosta de ter um carro novo de dois em dois anos e com matrícula bonita!;

·        JÁ foi a FÁTIMA mais de 3 vezes na vida;

·        Joga bólinha e hóquei em campo como ninguém;

·        Não passa sem a majongada aos fins de semana;

·        Tem amigos de todas as raças , cores e credos .

 
( 9 )

Rui de Sousa Pereira.

Nascido em Macau em 1965. A viver no Canadá desde 1980.

Sempre tentei saber se eu era macaense.
Nasci em Macau, de uma avó chinesa, uma avó portuguesa, e dois avõs portugueses.
Minha mãe nasceu em Macau, filha de chinesa e militar português. O meu pai é português.
Concordo com tudo que já foi publicado aqui neste fórum.
Mas sendo formado em informática, vou propor uma definição objectiva.  Embora ser macaense ou não, é uma coisa completamente subjectiva.
Um macaense, é uma pessoa que tem sangue chinês e português, fala em casa as duas línguas, tem pais nascidos em Macau, e os pais viveram em Macau.
Por essa definição, eu não sou macaense. O meu pai nasceu em Portugal.
Deve ser por isso que os macaenses perguntavam, "tu és gnow chai, ou és macaense?".
Outro exemplo, é que uma pessoa nascida no Canadá, pode ser macaense. Por essa mesma razão, os meus filhos nascidos no Canadá, são portugueses.
Será que é uma coisa importante, eu ser ou não ser macaense por "definição". Claro que não.
O que é importante é que eu ainda digo "é, não é?".
O que é importante é que eu ainda falo, chinês e português.
O que é importante é que eu sei onde eram os melhores sítios para comer chi cheung fan.
O que é importante é que eu tenho pelo menos 6 amigos com apelido Senna Fernandes.
O que é importante é que eu sei quando convém dizer que sou português\chinês\ ou macaense. Por exemplo, quando era miúdo e queria ir ao Nam Van ver filmes para adultos, tentava convencer o fiscal que era chinês.
Mas o que é mais importante de tudo, é que eu mesmo depois de muitos anos no Canadá, acabei por casar com uma pessoa de Macau.
Porque explicar o que é, não é, um macaense, é impossivel para qualquer pessoa que não é de Macau. Com definição ou não.
É, não é?



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(  10  )
 
 
PEDRO ALMEIDA, fez seu depoimento na festa do 16° aniversário da Casa de Macau de São Paulo, em 30/Julho/2005, que aqui segue reproduzido:
 

SER MACAENSE é um privilégio ... por ter tido a oportunidade de jogar talú, trióis, pén-pén-kói e kôn-tchai-chi. De soltar papagaios e fazer um corta-corta com o Tai-Ma-lái. Pelo privilégio de poder Tchi-Chong-Mei e pegar um hác-ka-lou; fazer um catapult e cholê um tâng-lon;

Soltar um seong-ham pau ou siu-fe-fe. Aprendido a jogar bilhar no Clube do Velho, no Tai Chong ou no Hotel Riviera e ter passado umas belas tardes no Café Ruby.

Ter frequentado a Estação do Rádio Vila Verde e pedir um "request" ao Mesquita no programa do Johnny Reis.

Ter tido o privilégio de saborear um káp-pen ou tau-fu-kok no Campo de Hockey..... ou deliciar um tau-fu-fá.
Dale um van-tan-min ou um ngau pák nám . Ter desfrutado de um Seven-Up Float na Praia Grande, ouvindo o juke-box.

Tido o privilégio de trocar umas latas velhas com o ten-tén-lou pelo mak-nga-tón; o prazer de alugar uma bicicleta no Sám Tchan Tang e rodar pela cidade. Aprendido a andar de NORMAN e depois de ZUNDAPP no circuito do Gran Prix e se esquivado do Cara-de-aço.
O privilégio de nadar na barraca de banho. Ter se aventurado pela travessia para as Ilhas da Taipa e Coloane naquele barquinho a vapor.

Ter amaldiçoado a cambada de ham-ka-tchan ou ralhado a malta de mon-cha-cha; ter chamado o gajo de estopôr e feito o gesto de figa-bonzo !

Tenho a certeza de que qualquer um dos Macaenses poderia contar as inúmeras aventuras por horas.

Mas quero apenas ressaltar que, apesar de termos vivido num minúsculo território de uns 15 km2, tivemos o privilégio de ter vivido uma infância e uma adolescência numa cultura tão rica e tão única, onde Portugal e a China se mesclaram em perfeita união e ainda por cima, com umas pitadas africanas, indianas, francesas, inglesas, australianas e americanas...

Enfim, SER MACAENSE é sermos nós mesmos - a última geração representativa dos legítimos filhos-da-terra, os pré-destinados duma diáspora - estando aqui e agora, todos juntos nessa Casa a celebrar mais um aniversário e assim, escrevendo mais uma página da nossa história para a posteridade.

VIVA A MEMÓRIA MACAENSE !
VIVA NÓS MACAENSES ! VIVA !

Lançamento em 13/Abril/2005