SAUDADES DA NOSSA GENTE - 9
RESGATE DA NOSSA MEMÓRIA
Ficava a ver os inúmeros livros publicados em Macau, com fotos
antigas da nossa gente publicados neles.
Bom para quem os possui, mas para aqueles
que não têm acesso a eles?
Com a sua licença, a quem de direito, digitalizei algumas delas
para publicar neste portal. É por uma boa causa. Resgatar
a memória da nossa gente, permitindo alcançar um público maior que procura matar as saudades através de fotos antigas
de seus antepassados, parentes, amigos, conhecidos etc.
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Grupo de macaenses , de passeio às ilhas, nos fins do século XIX (fotografia
do espólio de João F.M. Pereira, publicada no livro Filhos da Terra, de Ana Maria Amaro)
- sentados - da sua esquerda: 1) Carlos Cabral, 2) José Vicente Jorge,
3) Joaquim Gil Pereira, 4) Francisco Xavier da Silva, 5) José Maria Lopes, 6) Conde de Senna Fernandes, 7) Francisco
Fillipe Leitão, 8) Carlos Augusto da Rocha d'Assumpção.
- de pé - da sua esquerda: 9) Dr. Lourenço Pereira Marques, 10) Emílio Jorge, 11)
Constâncio José da Silva, 12) Aureliano Gutterez Jorge, 13) Delfim Ribeiro, 14) Francisco Pereira Marques, 15) José Ribeiro,
16) Dr. Evarisco Expectação d'Almeida, 17) António Joaquim Basto Jr., 18) Luís Lopes de Remédios.
FILHOS DA TERRA
Os filhos da terra constituem um grupo sui generis
que se isolou em Macau, fruto de pressões de índole social e económica.
Do ponto de vista antropobiológico, os filhos de
terra constituem um grupo luso-asiáticos com fundo genético muito rico, cujo estudo científico, em amostragem significativa,
nunca foi feito; estudo aliás, hoje deve ser difícil, se não impossível, de realizar devido à forte abertura à sociedade chinesa,
já esboçada nos fins do século passado.
No entanto, do ponto de vista cultural, como
exemplo típico de convergência de culturas, o grupo dos filhos da terra continua a manter padrões hibridados ou francamente
originais, que lhe conferem vincada originalidade. São a culinária tradicional,
o falar da terra, os trabalhos de costurinha e o batê saia, certos passatempos e os doces nominhos de casa, que Bocage imortalizou
no seu soneto a Beba.
Pensar Macau sem pensar nos filhos da terra, portugueses
do Oriente, por vezes tão injustamente ignorados, é esquecer os não só quatro séculos de história social do território, mas
também a herança mais nobre e a jóia mais valiosa, que os portugueses de quinhentos legaram aos seus vindouros.
Ana Maria Amaro
do livro Filhos da
Terra
edição 1988 –
I.C.M.
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