ASSOCIAÇÃO DE CULINÁRIA PREMEIA (premia) COZINHEIROS E PREPARA LIVRO
Receitas para a memória macaense
Catarina
Brites Soares
da redação
do JTM
de Macau
noticiado
em 26/04/2010
A primeira competição
de cozinha macaense para cozinheiros profissionais foi uma das formas encontradas pela
Associação Culinária de Macau para evitar o esquecimento das iguarias. Um livro e o jantar
de caridade são as próximas iniciativas que visam inscrever as receitas locais na memória
macaense
Os anos passam mas a Associação
de Culinária de Macau (ACM) quer que as receitas fiquem.
A competição de Gastronomia
Macaense para profissionais, organizada pela associação, é um dos ingredientes para evitar o esquecimento. “Com o menu
vencedor vamos fazer um jantar de caridade no dia 28 de Maio, e estamos a pensar fazer um livro sobre culinária macaense”
, anunciou ao JTM David Wong, acrescentando que o livro também integrará um “contexto sobre a culinária local e terá
todas as receitas dos participantes desta e das próximas edições”.
O fundador e secretário-geral
da ACM nota que a pluralidade de restaurantes em Macau coloca novos desafios à cozinha macaense que tem de coexistir, mas
não pode desaparecer face às concorrentes. “Há cada vez mais restaurantes japoneses, italianos.. .há muita pressão sobre
a cozinha macaense . Temos que a valorizar e envolver cada vez mais as pessoas neste legado”.
O concurso faz da cozinha
macaense o centro da mesa e também vai “ permitir que não seja esquecida, uma vez que cada participante vem aqui e traz
a sua receita, mas tem de ser sempre sobre a culinária de Macau”, realçou o mesmo responsável.
As pessoas são cada vez “mais
internacionais” o que pode “de facto, levar ao esquecimento da gastronomia local ”, alertou David Wong,
mostrando como a iniciativa procura inverter a tendência. “Os cozinheiros podem reinventar na apresentação , mas têm
de ser fiéis às receitas”.
A ACM procura fazer um esforço
para evitar que a gastronomia macaense se perca no território, mas reclama a ajuda de
outros sectores. “Os hotéis e restaurantes podiam fazer mais para promover a gastronomia, deviam encorajar as equipas
a participar neste tipo de competições e tentar integrar mais os pratos macaenses nos menus. Além disso, também podiam tentar
recuperar o conhecimento que envolve a culinária”, frisou David Wong.
Dos oito partcipantes, sobressaiu
Marco Chan que fez a primeira prova de cozinha macaense há cerca de uma década e rendeu-se às suas especificidades . “Esta
cozinha tem um sabor muito forte e os pratos são muito práticos, ao contrário do que acontece com a culinária ocidental onde
são muito extravagantes ”.
O concurso integrava três
fases , sendo o inevitável “minchi” o primeiro prato obrigatório a confeccionar. Os restantes dois ficaram ao
critério dos participantes, limitados sempre pela lista de receitas macaenses.
Ainda a “desfrutar
a alegria do momento ”, o vencedor revelou ao JTM o segredo da vitória, que lhe valeu um prémio de três mil patacas.
“Acho que o elemento especial foi ter tentado fazer o prato que escolhi de forma diferente, tentei inovar ”, explicou.
O cozinheiro do L’Arc
enalteceu ainda o projecto do livro da ACM porque é uma forma de “toda gente, tanto profissionais como amadores, terem
contacto com esta gastronomia”.
Já o participante que conquistou
o segundo lugar teve o primeiro contacto com as especialidades locais em 1993. “Tive
quatro anos só a trabalhar na cozinha francesa, trabalhei dois anos em Taiwan em cozinha portuguesa, mas comecei a ter contacto
com a macaense antes, em 1993” , contou.
A arte da cozinha local foi
o impulso para entrar no concurso , que também teve outras motivações. “Queria fazer
alguma coisa pela companhia, tentar contribuir, e também queria explorar o meu conhecimento e visão e ver como o resto da
indústria está ao nível desta gastronomia”, explicou Choi Kun Hong que se confessou saciado com a experiência.
“Durante o concurso
, senti a paixão e a criatividade dos cozinheiros . Sinto que a minha visão foi alargada”, revelou o cozinheiro do MGM,
que levou para casa duas mil patacas como prémio.
O último do pódio, que ganhou
mil patacas, foi Wong Weng U, que começou a cozinhar aos 16 anos, mas só aos 24 é que deu forma às receitas locais .
“Foi a primeira vez
que cozinhei comida macaense ”, disse ao JTM, salientando os truques que fizeram a diferença. “Li livros sobre
a culinária macaense e pedi opiniões aos chefes experientes”. O cozinheiro assumiu querer “explorar qualquer cozinha,
incluindo a macaense ” e reiterou que “é premente conhecer melhor a história sobre esta gastronomia” para
que os jovens entrem no antigo através dos sabores.
Confrarias reunidas na Madeira
Com uma delegação de cinco
elementos, a Confraria da Gastronomia Macaense participou este fim-de-semana, no Funchal, nas celebrações do 10º aniversário
da sua congénere da Madeira, que juntaram 22 Confrarias de diversos países e territórios . A Confraria Macaense entregou ainda
à Cruz Vermelha um donativo de cinco mil euros para apoio às vítimas do temporal que assolou a Madeira em Fevereiro. Segundo o “Jornal da Madeira” , Jorge Rangel, responsável
da Confraria Macaense, realçou que a presença na Madeira visou “partilhar, conviver e reforçar as relações entre as
várias confrarias espalhadas pelo território português e outras europeias”. A Confraria Macaense pretende promover,
num futuro próximo, um encontro de confrarias em
Macau.
Fonte: Jornal Tribuna de Macau - www.jtm.com.mo/view.asp?dT=344203007 e foto