Gastronomia macaense é “negócio” em Vancouver (Canadá)

de Henrique Manhão

Califórnia/EUA

Realmente estou muito impressionado com as notícias das nossas cozinheiras e cozinheiros da Diáspora que continuo a receber. Revelam como e porque começaram a cozinhar; como aprenderam a fazer comida macaense e continuam a divulgá -la nos países de acolhimento.

Histórias tão interessantes e diferentes, que um dia pretendo publicar um livro .

Tive a oportunidade de saborear a culinária macaense nas diversas Casas de Macau. No Rio, por Alberto Assumpção, actualmente presidente da Casa de Macau naquela cidade. Em São Paulo por Josefina Quevedo da Silva, casada com Arnaldo Ribas da Silva. Em Lisboa por Ivone Amaral Silva, Ma Wu Lin Bruno, António Silva e António Conceição Em Vancouver por Lyce de Assumpçâo Rozário. Em Hong Kong pelo Sr. Sousa. Todos tinham as suas especialidades

Teresa Sio Monteiro do Macau Club (Toronto) Inc. fala-nos na primeira pessoa: “Sou Teresa Sio Monteiro e o meu marido chama-se Alberto Lopes Monteiro. Somos naturais de Macau que nessa altura era um território chinês sob administração portuguesa, sendo a sua população na maioria chinesa e portuguesa.

Crescendo num ambiente cultural misto , estávamos intrigados pela comida portuguesa, chinesa e macaense e como estávamos expostos a essa culinária exótica, começámos a nutrir interesse em confeccionar, diariamente comida macaense e chinesa.

Em 1997, emigrámos para o Canadá, continuando a preferir repastos macaenses, alternando com os do Canadá. Em 2004, surgiu-nos a oportunidade de participarmos num concurso culinário, organizado pelo Macau Club (Toronto)Inc. Ficámos espantados por ter ganho a competição e na qualidade de vencedores, fomos incumbidos de representar a nossa associação (Macau Club, Toronto,Inc) para competir no concurso de Gastronomia no Encontro das Comunidades Macaenses em 2004, enfrentando os representantes da Diáspora num ambiente de grande amizade.

Com a experiência e confiança adquirida nas competições de culinária, decidimos iniciar um negócio de comida macaense por encomendas em Toronto em 2005. No início, apenas fornecíamos comida para os sócios de Macau Club, a maior parte dos quais vindos de Macau, ávidos da comida macaense. Para muitos deles , saborearem a nossa comida num país estrangeiro, trazia saudosas lembranças da sua terra natal.

Pouco a pouco o negócio foi crescendo. Presentemente, fornecemos refeições a outras comunidades existentes em Toronto, atraídas pelos saborosos petiscos macaenses.

Os pratos mais apreciados da “Cozinha Monteiro”, são a Galinha à Portuguesa, o Bacalhau com nata, o Rabo de boi com vinho tinto português, Caril de carne de vaca e a Caldeirada de mariscos com vinho branco português.

Fonte: Jornal Tribuna de Macau – secção Opinião – edição de 02/03/2010


 

 


A macaense que diversificou sabores (Austrália)

 

 

de Henrique Manhão

 

 

Califórnia/EUA

 

 

 

 

Lizette Viana Akouri, filha de Eurico da Luz Viana e de Ermelinda Cortiço Paz Viana, nasceu em Macau. Estudou português nEscola Central, mudando depois para o ensino inglês na Escola Canossa do Sagrado Coração.

 

 

Não obstante ter deixado Macau, já lá vão 34 anos, ainda fala, fluentemente o português devido à persistência dos seus pais de obrigarem os filhos a usarem em casa a língua de Camões.

 

 

Ainda se recorda dos tumultos em Macau, conhecidos por 12. 3 . Devido à incerteza que então se viveu, passou algum tempo em Hong Kong, onde também continuou a passar as férias do Natal, da Páscoa e de Verão. É que na antiga colónia britânica tinha familiares do lado paterno e foi com eles que começou a aprender a gastronomia macaense e depois a cozinhá- la.

 

 

Dos seus tempos de jovem em Macau, lembra-se bem como se preparava o “balichão; das comezainas das ruas; dos vendedores ambulantes que transportavam os cestos e fogões com uma vara de bambú; dos “Won Tons” fritos; dos pimentos grelhados e recheados com carne de feixe ; do “Chu Cheong Fan; da Canja Simples que gostava muito; do “Put Chai Kou”, vendido na mercearia On On; do pão da Padaria Vo Long, situada na rua do Campo.

 

 

Graças ao seu casamento com Tony, de nacionalidade egípcia, os seus conhecimentos de culinária diversificaram-se, tendo igualmente adoptado as receitas gastronómicas do Egipto e Líbano.

 

 

Cozinha quase todos os dias em casa, preparando comida com paladares de diferentes

 

 

países. Os seus pratos macaense favoritos ainda hoje são a Galinha à Portuguesa (Kuk Pou Kok Kai) e o Tacho com balichão .

 

 

Para Lizette Viana Akouri, um dos atractivos de Macau é continuar a ser um espaço onde se encontra uma maravilhosa mistura de gastronomia não apenas nos restaurantes mas também nas tascas das ruas .

 

 

Conheci muito bem o pai dela, Eurico da Luz Viana que foi funcionário da Câmara de Macau e depois trabalhou muitos anos no consulado de Portugal em Sydney como Chanceler. Eurico Viana passava muitas tardes a jogar o bilhar com a malta jovem de Macau no Tai Chung que ficava ao pé do antigo teatro Capitol.

fonte: Jornal Tribuna de Macau - secção Opinião - edição de 09/03/2010

(Lizete é prima do autor do PMM)





 


Os Sábados em Lisboa com sabor macaense (Portugal)

 

 

de Henrique Manhão

 

 

Califórnia/EUA

 

 

Os sabores da gastronomia macaense estão presentes aos Sábados na sede de Lisboa da Casa de Macau de Portugal .

 

 

Um grupo de sócios , amigos e amantes da gastronomia macaense (um deles diz mesmo que “é difícil recordar quando começámos a cozinhar, porque esse foi sempre o nosso passatempo”) fez um acordo com a direcção da Casa no sentido de fazerem alguns pratos da comida macaense.

 

 

António Silva (avô), sua esposa Ivone Amaral Silva, Ma Wu Lin Bruno e Fernando Conceição (Nando), são voluntários, mas mesmo assim não falham a este compromisso, o que muito agrada aos sócios da instituição. O mesmo grupo, aliás, confecciona as refeições para as festas da Casa de Macau em Portugal.

 

 

Um deles, Fernando Augusto de Carvalho Conceição, natural de Macau, filho de Orlando Augusto Octávio Conceição e de Maria Martins de Carvalho Conceição recorda que cozinha “desde criança, porque sou daquele tempo de ir à cozinha para ajudar a mãe ”.

 

 

Considera que as suas especialidades são Porco Balichão, Minchi, Porco Bafassá , Ló Pak Kou, Apabico, Lacassá, Tacho, Diabo, Serrabulho, Carneiro Assado, alguns pratos de bacalhau, Cheese Toast, Chamuscas Sola de Cavalo, Pãesinhos Recheados e Tostas de Camarão (Ho To Si). E em matéria de doces, fala -nos do Bolo Menino, Midnight Cake, Cake, Bolo de Laranja, Bolo de Ananaz, Bolo de Whisky ou Maria Luísa , Chiffon (laranja, chocolate e limão), Pudim de Manga, Mousse de Limão, Pudim de Ovos, Pudim de Pão, Pudim de Claras com gemas de ovos e Tai Choi Kou de Chocolate”. Deste grupo de macaenses em Portugal, só Fernando Conceição aceitou enviar fotografia, que aqui se publica .

 

 

Fonte:Jornal Tribuna de Macau – seção Opinião – edição de 16/03/2010

 


 



 

 



O chefe de cozinha que preside a Casa de Macau no Rio

de Henrique Manhão

 

Nascido a 3 de Setembro de 1942 em Macau, Alberto Carlos Paes d’Assumpção, mais conhecido como Acaio é o actual presidente da Casa de Macau no Rio de Janeiro.

 

 

Filho mais novo de João Corrêa Paes d’Assumpção e Epifânia Assam Pães d’Assumpção, ficou órfão de pai quando tinha apenas um ano e meio de idade.

 

 

Ao JTM recorda que “foi com a minha mãe que aprendi a arte de cozinhar, pois naquela época em Macau, após a guerra, a minha mãe incentivou -nos a mim e aos outros sete irmãos a aprender um pouco de tudo , pois como ela dizia nunca se sabe o que será o dia de amanhã” .

 

 

E acentua que “de entre as tarefas domésticas a minha preferida foi a culinária, não só Macaense como também Internacional. Com a minha mãe aprendi a ir ao Mercado para comprar tudo o necessário para as refeições do dia a dia”.

 

 

Acaio salienta que quando trabalhava na Inspecção do Comércio Bancário, ia almoçar muitas vezes ao Clube de Macau, quando a chefe de Cozinha era a sua tia Anita d’Assumpção. Foi com ela que “devido à minha vontade e ao interesse em aprender, aprendi o “pulo do gato” de vários pratos macaenses.

 

 

Toda a família era dedicada ao desporto. Durante a sua juventude Acaio foi excelente praticante de “Karate”, tendo chegado a ser cinturão negro, enquanto os seus irmãos António e José eram bons jogadores de futebol, com presenças habituais na selecção de Macau.

 

Com todo este currículo na confecção gastronómica, Acaio revela que desde 1997 assume a posição de chefe de Cozinha da Casa de Macau - Rio de Janeiro, tendo elaborado quase todos os almoços com comidas especialmente típicas de Macau.

 

 

Nas suas ementas não falham o Minchi, Bafassá , Diabo, Feijoada, Dobrada, Porco Balichão, Tacho, Carne com Amargoso, Hám Sin Chói, Caril de Galinha, Arroz Gordo, Arroz Chau Chau, Chau Min, Chái de Bonzo, etc...

 

 

E neste momento é o presidente da Casa de Macau no Rio de Janeiro , eleito para o triênio 2010/2012.

fonte: Jornal Tribuna de Macau - edição de 30/03/2010 - secção Opinião

* Acaio também tem receitas publicadas nas páginas de gastronomia da Comunidade Macaense de Rio de Janeiro e de São Paulo





Três "embaixadoras" da Austrália

Henrique Manhão

 

De uma só vez vou falar-vos de três macaenses residentes na Austrália que ajudam a manter a cultura gastronómica macaense entre a comunidade ali radicada, ao mesmo tempo que a difundem entre os nacionais de outros países que a apreciam.

Três verdadeiras embaixadoras da gastronomia macaense, que ajudam a tornar conhecida a própria cultura de Macau, uma vez que como alguém já disse “é a comer que também se descobre a maneira de ser e estar de uma comunidade”...

Não tenho muitos dados sobre a vida destas “embaixadoras”, porquanto foram esparsos os elementos que me forneceram. De qualquer modo, os que recolhemos dão-nos conta de um grupo muito interessante, na variedade das suas vidas.

Senão, anotem. Maria de Lourdes de Menezes nasceu em Macau, enquanto Josephine (Josie) Bayot Arevalo e Yvonne de Menezes Bayot Husband nasceram nas Filipinas, de pai macaense. Umas mais cedo que outras, todas aprenderam e cultivaram até hoje a gastronomia macaense dos seus antepassados.

Mais em detalhe expliquemos que Lourdes de Menezes Bayot, filha de Maria Amália de Menezes e de Ruy Menezes aprendeu a cozinhar com a mãe e tias Celeste Ribeiro e Anita d’Assumpçâo, ambas óptimas cozinheiras. “A minha mâe e as duas tias eram parceiras do Café “As Delícias” que estava localizado na Avenida Almeida Ribeiro”, recorda, acentuando que as suas preferências gastronómicas são o Caranguejo Bispo, Iscas e Coscurão.

Já Josie Bayot Arevalo, filha de Celeste Yvanovich Ribeiro Bayot e de Fausto Maria Bayot começou a cozinhar com a mãe que aprendeu da sua avó Lety Yvanovich, mas lembra que “afoi a minha cunhada Lourdes que me ajudou na aprendizagem, quando imigrou para a Austrália. Quanto aos seus pratos favoritos “Tacho, Feijoada, Porco Bafassá, Serradura de Tociro de Ceilo e Cornstarch Cookies”, já integram nomenclatura também obtida por terras australianas.

Finalmente Yvonne de Menezes Bayot Husband, filha de Lourdes de Menezes Bayot e de António Ribeiro Bayot, reconhecer ter nascido de “uma família de excelentes cozinheiras, razão por que gosto de cozinhar”.

Diz ao JTM que “aprendi com a minha avó, mâe e tias e a minha casa em Sydney está sempre repleta de membros da minha família e de macaenses e durante os convívios há sempre fartura de comidas e para divertimento organizamos partidas de Mah-jong e de cartas”.

Como se estivessem em Macau...

Fonte: 20/04/2010 Jornal Tribuna de Macau - secção Opinião