O “Tacho”

 

 

Luís Machado

de Macau

05/Maio/2010

 

 

O “tacho” ou também como é bem conhecido nos meios maquistas gastronómicos, o “chau-chau de pele” ou então como lhe alcunharam os portugueses aqui residentes, por analogismo, o “cozido à macaense”, é, quanto a nós, mais um dos pratos “sui generis” da cozinha de fusão, como agora está na moda chamar-lhe, a este tipo de interpenetração ou miscigenação cultural entre a Europa mediterrânica, a África, a Índia (a trilogia portuguesa - Goa, Damão e Dio), a Malásia e a China, está claro, na rica gastronomia macaense.

Na sua preparação há a ter em conta que a “pele”, que é fundamental e é composta de couratos desidratados e em vez dos enchidos que entram no cozido à portuguesa, substituíram-se estes por chouriços chineses, acrescentem-lhes os legumes o entrecosto, a carne de vaca cozida, o frango e o pé de presunto e ainda a couve chinesa os espinafres, os nabos as “orelhas de rato” desidratadas e os cogumelos chineses e assim com isto tudo misturado nasceu o “ui di sabroso! - Tacho” maquista!

Quanto à receita esta depende muito de casa para casa, tal como o famoso “minchi” é um bocado como o provérbio “cada cabeça cada sentença” ou melhor ainda, cada par de mãos na cozinha cada especialidade ou em cada família o seu cunho distinto.

Foi precisamente com o “minchi”, que começamos a escrever estas crónicas baptizadas de “Zoom sobre Macau”, a 20 de Fevereiro de 2007, no dealbar do ano do Rato, sendo esta, a de hoje, a número 100 e tal como na Escola Portuguesa actualmente ou no nosso antigo Liceu Nacional Infante D. Henrique, era uma data que festejávamos com muita alegria, com ou sem um bolo de velinhas ou mesmo com uns teatrinhos onde as imitações dos professores apareciam, enfim divertíamo-nos “á grande e á francesa” dentro do possível e fazíamos tudo para que, fundamentalmente, não houvesse aula nessa horinha de festa, mas atenção, nós hoje não fizemos “gazeta”, nem deixámos de escrever, apesar da data!

Pois a verdade é que o repto lançado pelo director deste jornal (ao qual mais uma vez

agradeço) fez com que nos obrigasse a escrever uma “redacção”, numa página A4, num ritmo semanal, o qual, na altura, não acreditava muito que fosse possível, o chegar até aqui.

Tenho pois que abrir mais um parêntesis, para um especial agradecimento a toda a equipa do Jornal Tribuna de Macau, pelo aturado esforço de estarem sempre ao nosso dispor e no apoio que nos tem dispensado semanalmente, um muito obrigado a todos estes amigos.

Só espero, sinceramente e com a ajuda de todos, que daqui para diante, possa continuar a manter este espaço vivo, com assuntos do interesse comum, tais como; a história, as estórias, os factos, as figuras de renome, as nossas aventuras, os usos e costumes, ou a lembrar os que por cá deixaram marca indelével, assim como os nossos Macaenses da diáspora e os seus anseios e projectos de futuro.

É pois, em especial, para os Macaenses, para os Portugueses, para todos os que dominam a língua de Camões em geral, tal como para os que fizeram de Macau a seu “LAR DOCE LAR” que vamos continuar até às “mil e uma” crónicas das quartas-feiras com todo o nosso amor e 1 de 2 05/05/2010 10:51 carinho que dedicamos a esta nossa cidade do Nome de Deus e que nunca nos falte a inspiração!

Aproveito para vos lembrar que se nunca provaram o “tacho”que ainda estão a tempo de o fazer e não se vão arrepender com certeza! Bom proveito!

Bem-haja a todos!

.

Fonte: Jornal Tribuna de Macau http://www.jtm.com.mo/view.asp? e dT=344902003 e foto