A visita do General Vasco Rocha Vieria à Casa de Macau de São Paulo

em 20/03/2011

"viveu as saudades e a acolhida carinhosa da comunidade macaense do Brasil"


a transcrição da notícia publicada no Jornal Tribuna de Macau

de autoria do autor do PMM


DESTACOU ROCHA VIEIRA NA CASA DE MACAU DE SÃO PAULO

Macaenses mais “conscientes” da “identidade”

 

A comunidade macaense tem vindo a reforçar a consciência da importância da sua

identidade e do valor das suas tradições e raízes, salientou o ex-governador Rocha

Vieira, durante uma visita à Casa de Macau de São Paulo

Rogério P.D. Luz*

em São Paulo

 

É sempre com grande emoção que volto à Casa de Macau de São Paulo ...”. Estas palavras escritas pelo general Vasco Rocha Vieira no Livro de Visitas, logo após a chegada, já davam o tom do que seria a terceira visita do último governador português de Macau, que aconteceu no dia 20 de Março. Rocha Vieira já tinha visitado a Casa de Macau de São Paulo noutras duas ocasiões - oficialmente em 1997 e, a título particular, três anos após a criação da RAEM.

Sendo um dos membros portugueses da direcção da Fundação Luso-Brasileira, deslocou-se a São Paulo para a inauguração da exposição da artista portuguesa Paula Rego na Pinacoteca da cidade. O jornal “O Estado de São Paulo” descrevia as cerca de 100 obras da artista, feitas entre 1953 a 2009, como “reflexões sobre a violência, o poder, a crueldade e a condição da mulher na sociedade”.

“Estendi a minha viagem por mais um dia para poder visitar a Casa de Macau”, explicou Rocha Vieira, que beneficiado pelo bom tempo, pôde revisitar as instalações nove anos depois. Reviu a placa comemorativa da sua visita em 1997, bem como uma impressão da sua mensagem oficial no site do Governo, antes da transição de soberania, exposta na Sala Macau da sede, o que despertou interesse.

O momento da Casa era de transição. No próximo dia 1 de Abril, assumirá funções a nova direcção sob o comando de Gilberto Quevedo da Silva, eleito na Assembleia de 27 de Fevereiro. Júlio Branco, no seu terceiro mandato já ensaiava a despedida, “definitiva” como dizia, mas não hesitou em realizar um trabalho conjunto com o novo presidente, pelo que esta união alcançou resultado positivo na organização da recepção.

Aclamado por uma longa salva de palmas ao entrar no recinto da festa, Rocha Vieira retribuiu da mesma forma às cerca de 150 pessoas que atenderam ao convite para a recepção. “Carismático, simpático, uma pessoa simples”, e tantos outros adjectivos eram ouvidos por parte dos associados, que o assediavam para todas as formas de cumprimentos e não ocultavam admiração pela sua pessoa. Sempre atencioso e acessível, Rocha Vieira prestava-se a conversar e ouvir as pessoas, que não se inibiam pela figura de um governador, mesmo sem este estar já no exercício da função.

Um dos primeiros tópicos do seu discurso, proferido após os de Júlio e Gilberto, um no papel daquele que está no cargo mas prestes a sair e outro em vias de assumir a presidência, esteve relacionado com os Encontros. Rocha Vieira destacou a sua satisfação pela continuidade empreendida pelos Governos da RAEM “com o apoio da APIM”, ou seja o Conselho das Comunidades Macaenses (CCM), após a realização da primeira edição durante a sua administração, seguida de mais dois eventos até ao fim do governação portuguesa. Considerando que, passados mais de 10 anos, “a consciência dos macaenses, seja tanto da sua identidade, do valor das suas tradições e raízes” se acentuou e reforçou”, destacou ainda que as associações e instituições da raiz portuguesa tornaram-se mais fortes, criando o espaço próprio que a comunidade portuguesa tem em Macau.

Após ouvir os agradecimentos nos discursos anteriores pela ajuda oferecida à Casa durante a sua administração, Rocha Vieira humildemente disse que ouvia isso com certo embaraço. “Foi um privilégio para mim poder ajudar as comunidades macaenses, eu é que fico grato pela oportunidade oferecida”, disse. Conclamou ainda os macaenses da Diáspora a prestarem-se ao papel de “embaixadores” de Macau nos seus países de acolhimento, pois, pelos seus conhecimentos da terra, poderão mostrar as suas potencialidades.

Depois de saborear uma autêntica feijoada brasileira, preparada pela macaense de Hong Kong Julie Coatswith, a quem cumprimentou efusivamente juntando-se ao pessoal da cozinha para uma foto, assistiu à apresentação musical do Coral formado por associados da Casa. Charlie Santos cantou depois e pôs as pessoas a dançar.

“Iou já ficâ véla, non têm idade toda hora trepâ vem trepâ vai, mas pá homenageá Governador, iou tá pronto trepâ montanha até chegâ na Cristo Redentor”. Foi desta forma, em patuá, que Mariazinha Conceição Carvalho e o esposo Francisco Madeira de Carvalho o homenagearam com um diálogo encenado, iniciativa elogiada por Rocha Vieira como importante esforço para preservar o dialecto macaense. Tal elogio, que proferiu no discurso de despedida, foi acompanhado pela lembrança do importante papel de “Adé” dos Santos Ferreira na divulgação do patuá.

Este discurso improvisado, antes da partida, dava conta da emoção de Rocha Vieira pela recepção

inequivocamente “carinhosa”. Fez o convite à comunidade para uma visita a Portugal, pelo que prontamente Gilberto Silva acenou com a possibilidade, “se tudo der certo”, de levar uma comitiva, talvez este ano, para o que chamou de um “encontro luso-brasileiro” na terra de Camões.

No final, após ter circulado por todas as mesas para se despedir do público presente, o general Vasco Rocha Vieira partiu com um “até breve” desejado por muitos associados. Na visita esteve acompanhado do casal António de Bacelar Carrelhas e esposa Cecília.

Carrelhas, que foi seu colega do Colégio Militar de Portugal, presidiu à representação no Brasil do Banco Espírito Santo e é membro do Conselho das Câmaras Portuguesas de Comércio no Brasil. Notabilizou-se há dois anos, com 70 anos de idade, ao explorar os Novos Caminhos da Amazónia, por via fluvial e terrestre, alcançando o Peru, o que foi motivo de conferências inclusive em Portugal. Na sua assinatura no Livro de Visitas,

Carrelhas recordou os bons momentos em Macau por ocasião de um Encontro, em especial o “célebre” almoço na Rua da Felicidade, referindo-se ao Fat Siu Lau*.

*autor do website

Projecto Memória Macaense


a notícia em arquivo pdf  publicado no Jornal - clicar abaixo para ler

o Gen. Rocha Vieira foi recebido por um grupo de associados e dirigentes da Casa no prédio sede, assinou o livro de visitas, visitou as instalações, posou para foto, e depois seguiu para o Ginásio onde foi recebido por cerca de 150 associados e amigos de São Paulo e Rio de Janeiro. Na foto, do lado direito do Governador, Júlio Branco o atual presidente da Casa que encerrava o mandato 11 dias depois da visita. Do lado esquerdo, Gilberto Silva, na qualidade do presidente prestes a assumir o cargo.



Reviu com interesse a impressão da sua mensagem de boas vindas no antigo site do Governo Português de Macau.








na farta mesa do almoço oferecido, tinha no seu cardápio como prato principal, uma autêntica feijoada brasileira preparada com esmero pela cozinheira oficial da Casa, Julie Coatswith, nascida em Hong Kong e filha da macaense Mariazinha Carvalho.




Charlie Santos (Carlos Alberto da Silva Santos, próximo Conselheiro Consultivo) na sua apresentação, pôs o povo para dançar.  Deu para relembrar as suas bem sucedidas apresentações no Encontro 2010.






Posou para uma foto com o coral formado por associados da Casa de Macau de São Paulo, Vozes de Macau, que dedicou canções ao Governador


Também posou com os membros dos Órgãos Sociais e colaboradores da Casa de Macau de São Paulo, dos que estão para encerrar o mandato e aqueles que iriam assumir 11 dias depois.  À esquerda, o presidente da Casa do Rio de Janeiro, Alberto "Acaio" D"Assumpção, juntou-se ao grupo.


Num gesto bonito e simpático, o Governador juntou-se para uma fotografia com o pessoal da cozinha e empregados da Casa, além das pessoas que colaboraram na preparação do almoço, após tê-los cumprimentado, um a um. Julie Coatswith responsável pela cozinha e que preparou a feijoada brasileira, é a 3ª a contar da direita.


o autor deste site, o 1º à esquerda, fez questão de tirar uma foto com o Governador.  Os familiares que juntaram-se são, Manuel Ramos, Natércia e João Bosco da Silva, Mia Luz, Yolanda e Isabela Ramos. (Pedro Almeida tirou a foto-grato!)


O Governador percorreu de mesa em mesa para cumprimentar e despedir-se do público e estava descontraído.


Mais abaixo, álbuns com muitas fotos e o áudio da homenagem em Patuá



 Uma homenagem ao Gen. Vasco Rocha Vieira em Patuá de Macau

texto escrito e diálogo encenado por Mariazinha Conceição Carvalho (M), de São Paulo/Brasil, em conjunto com o seu esposo Francisco "Chicói" Madeira de Carvalho (C)

Ouça o Áudio mais abaixo

 

M)  Hoji sã unga dia uide importánti pa nôs di Casa di Macau di São Paulo.  Hoji nôs ta recebê visita di nosso Governador, General Rocha Vieira.

 

C)  Mariazinha, qui asnéra vôs ta falá, Gen. Rocha Vieira nuncassã más Governador di Macau.  Vôs sã divéra antigonso.  Cavá Gen. Rocha Vieira sai di Macau ano 1999,  já passá dôs Governador china-china-ia.

 

M)  Cusa?  Quim falá?  Quim sã estunga dôs qui iou nunca conhecê?

 

C)  Dessá iou contá....Ilôtro sã.....

 

M)  Chega, chega, chega. Non têm importância....  Vosôtro lôgo concordá co iou.  Na coraçám di tudo maquista-maquista  General Rocha Vieira continuá sã nosso governador.

 

C)  Uvi Mariazinha, nôs ta papiá chonto di boboriça.  Vôs lembrá cusa Pisidente di Casa di Macau falá pa nôs?  Pa nôs ne bom ficá bafo-cumprido, lembrá?

 

M)  Bafo cumprido? Uvi Chicoi,  si nôs nuncaassã bafo cumprido, nôs nuncassã maquista.  Tudo maquista maquista  sã bafo-cumprido.

 

C)  Ta bom, ta bom, agora cusa nôs vai papiá?

 

M)  Cusa?  Iou já isquecê-ia. Ah sã.  Dessá iou explicá  cusa nôs dôs ta fazê empido no palco. Tudo festa festa di Casa di Macau, ilôtro chomá nôs dôs vêm palco pa papiá unchinho di patuá, mostrá qui  nôs aqui na Casa di Macau têm gente  capaz falá patuá.  Patuá sã  unga dialeto antigo di Macau. Unga herança  qui nossa avó/bisavó/tataravó já dessá pa nôs. Si nádi tomá cuidado,  azinha-azinha lôgo disparecê.    

 

C)  Mariazinha, iou pôde falá unchinho agora?

 

M)  Pôde, pôde falá......Coitado iou já isquecê dele-ia.

 

C)  Nôs dôs representá casal antigo di Macau.   Olá... nosôtro sã di época di rock and roll,   dançá com musica di Elvis Presley, Chubby Checker.... Juntá amigo-amigo na Restaurante Ruby pa chalaçá....  Empê na porta di Correio e Apolo olá gaijá-gaijá passá....  Comê Vân-Tân-Min na Vai-I....  Yâm Chá na Lôk Kók....  Nadá na barraca di banho....  Querê vai Taipa/Coloane?   Só vai di barco,  mas pa voltá, dependê di maré,  maré básso non pôde voltá... .  Vai-vêm di Hongkong têm qui viajá três hora e meo di ferry-boat,  quim nádi lembrá?....  Tái-Lói...,  Fát-Sán..., Tâk-Sêng.. ..... Ai qui saudádi di nossa Macau antigo... 

 

M)  Aia Chicoi,  manéra qui vôs falá, gente pensá qui  nôs têm ung-cento ano fóra.

 

C) Si continuá falá di Macau antigo tudo gente lôgo churá....  Hoji sã dia di festa, dia di alegria.  Hoji nosôtro tudo ta recebê Gen. Rocha Vieira com unga grandi abraço di saudadi.  Sinhor, vôs pôde olá nosôtro tudo  raganhado qui raganhado.

 

M)  Sã, home-home já vêm tudo paramentado, nhonha-nhonha bacará pó no rosto,  roçá lipstich na beço, usá tacão alto qui alto..  Cedo-cedo Alice  ta chuchu fula-fula pa tudo vanda di Casa.  Julie na cozinha prepará panelám-panelám di feijoada brasiléra.  Têm unga coral chomá “Vozes de Macau” capaz cantá, ilôtro cantá tudo laia-laia di cantiga, sã português, chinês, inglês, patuá. Ultima hora já empurá nôs dôs vem trepá  palco pa papiá patuá.  Iou já falá, iou ta ficá vela-ia, non têm idade pa tudo hora trepá vai tréwpa vêm, mas como falá qui sã pa homenageá nosso Genral Rocha Vieira, iou ta pronto pa trepá montanha até chegá na riva di  Cristo Redentor, puxá  bafo mas lôgo trepá.

 

C)  Mariazinha, iou ta olá Pisidente arrancá ôlo pa nôs.  Assi  nôs  melhó sã terminá nossa Doci Papiaçám, dessá aqui unga grándi abraço pa nosso Gen. Rocha Vieira.

 

M) Antes di terminá iou querê pedi disculpá fazê estunga brincadéra co vosôtro, mas tudo gente sábi,  patuá sã unga dialeto chiste e dóci, non pôde falá ancusa serio-serio, assi ne bom ficá réva co nôs.  Quelóra vôs ta passá  na vanda di Sul América ne bom isquecê vêm visitá nôs. Olá, têm tanto gente non pôde viajá pa Macau, sã faltát   sapeca, sã faltá  saúde, assi quelora vôs vêm visitá nôs, vôs ta trazê unchinho di Macau para nôs matá saudade.


Agradecemos  a sua atenção,  beijos e abraços.  Até  breve.


Mariazinha Carvalho

20/03/11

 Ouça o áudio capturado do vídeo da apresentação. Clicar na seta.

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Publicação Março 2011