Lilau

um ensaio fotográfico em 2010


Os depósitos de água subterrânea da zona do Lilau constituíam a principal fonte de água natural em Macau. A popular frase "Aquele que beber da água do Lilau, jamais esquecerá Macau" expressa bem a ligação nostálgica dos habitantes ao Largo do Lilau. Esta área corresponde a um dos primeiros bairros residenciais portugueses em Macau com uma atmosfera tipicamente mediterrânea e algumas influências Art Deco, que contrastam com a arquitectura tradicional chinesa da vizinha Casa do Mandarim, num bom exemplo da fusão de conceitos arquitectónicos e urbanos ocidentais e chineses.


O Largo do Lilau situa-se na zona onde os Portugueses se estabeleceram quando chegaram a Macau, no seio da velha “Cidade Cristã”. O largo é rodeado de casas típicas portuguesas que representam o estilo de urbanização única de Macau. Uma fonte com cabeça de dragão foi construída, numa renovação efectuada em 1994, para simbolizar a fonte perpétua de água que protege as pessoas do local.


(fonte: Turismo de Macau e Macau Heritage do Instituto Cultural)

 Pátio do Lilau:

De acordo com o Cadastro de Vias Públicas de 1957 - "Está situado junto da Calçada de Lilau, à direita, na vertente Norte da Colina da Penha.  Em 1869 havia uma via pública com o mesmo nome, provàvelmente no mesmo local ou nas proximidades da actual."

Em chinês se chama - Á Pó Chéang Vâi

Pertence à Freguesia de São Lourenço - Numeração policial: ímpares - 1, 3, 9 e 11

 

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Rua do Lilau

A rua começa na Rua da Barra, em frente da Travessa de Antônio da Silva e ao lado da Rua do Pé. Antônio, e termina na Rua da Penha entre os prédios nos. 18 e 20.

A ligação desta rua com a Rua da Penha é feita através de uma escadaria de pedra.

O Beco do Lilau está situado entre a Rua e a Calçada do Lilau, tendo a entrada ao lado do prédio no. l da Rua da Barra.

O Pátio do Lilau está situado junto da Calçada do Lilau, à direita, na vertente norte da Colina da Penha.

Em 1869, havia uma via pública com o mesmo nome, pro¬vavelmente no mesmo local ou nas proximidades da actual.

A Calçada do Lilau começa na Rua da Barra, entre os prédios nos. 3 e 5, e segue em direcção à vertente norte da Colina da Penha, na qual termina, um pouco além do Pátio do Lilau.

A ligação com a rua da Barra é feita através de uma escadaria de pedra.

 

Bica do Lilau

Havia outrora neste local a famosa Bica do Nilau.

“Água pura e cristalina

Se dá ai que cantina”

Os caminhantes bebiam  e gostavam tanto  que voltavam lá uma e muitas vezes.

A Bica do Lilau tornou-se tão célebre que entrou no folclore e ainda hoje os velhos repetem:

“Quem bebe água do Lilau

Não mais esquece Macau:

Ou casa cá em Macau,

Ou então volta a Macau"

Mas um dia — dia aziago — certos inococlastas desenraizados, desrespeitadores da tradição, foram-se à pobre Bica do Lilau e deram cabo dela.

Nós que tínhamos bebido tantas vezes dessa água e que, para não desmentir a quadra, voltámos a Macau após 15 anos de ausência em Singapura, levámos um dia um turista a visitar a Bica famosa e não demos com ela. Interrogámos os vizinhos e responderam-nos que não existia.

Donde viria o nome da Bica? Seria Lilau ou Nilau?

 

Nas Crônicas de S. Agostinho, lê-se:

«Na cidade de Nome de Deos de Macao temos huma ermida consagrada a Nossa Senhora da Penha de França em hum dos montes da cidade, chamado Nilao, edificada pelo Pé. Fr. Estevão de Vera Cruz, prior do convento da mesma cidade em o anno de 1623, em cuja fábrica muito trabalhou gastando do convento (alem das esmolas) trezentos, e tantos taéis de prata» (A. da Silva Rego, Documentação. Vol. XI, p. 166)

Ljungstedt repete o mesmo, afirmando que o monte se cha¬mava Nilau. A fonte que brotava no sopé recebeu o nome do monte, como se lê num documento de 9-9-1795: «Diz Felipe Corrêa de Liger Cazado, e m.or nesta Cid.e, que como este N. Sen.0 tem entre outras hua terra baldia cita a Orta de D. Anna Corrêa, e Bica de Nilao, que inda conserva prezentm." hum posso, que fora feito p.10 Avô do Sup.e, pertende o Sup.e cento e vinte braças de Norte ao Sul, e outras tantas de Leste a Oeste». Foi-Ihe concedido o terreno, «mas deve ser p.a a banda da Orta de Antônio Joze da Costa, p.r não embaraçar o caminho da Fonte de Nilao»

Parece que foi a ermida construída em 1622, que deu o nome de Penha à colina, que antes se chamava de Nilau. Marco d'Avalo escrevia em 1638 acerca dum forte que lá havia: — Chamava-se o segundo dos fortes Nostra Seignora de Ia Penha de Franciã, porque tem dentro uma ermida com este nome (Ta-Ssi-Yang-Kuo,   II, 421).

Numa gravura holandesa antiga aparece a muralha, que rodeia a ermida, coroada de ameias e canhões.

O comerciante Joaquim José Ferreira Veiga, marido de Rosa Joaquina de Paiva e filho de José da Silva Correia e de Maria Rita de Veiga, contribuiu com 200 patacas para as obras da Fonte do Lilau. O Senado oficiou-lhe a 18 de Setembro de 1830, agradecendo esta contribuição.

Deve datar dessa época a troca do nome da famosa Bica, de Nilau em Lilau.

Note-se que Joaquim Veiga casara, a 11-XI I-1822, com Rosa Joaquina de Paiva; casou em segundas núpcias, a 11-1-1836, com Joana Ana Ulman, filha de Jacob Gabriel Ulman e de Rosa Ulman; esta última faleceu a 27-X-1821.

Rosa Joaquina de Paiva nasceu a 20-V-1799, e era filha de Francisco José de Paiva e de Inácia Vicência Marques; esta última era proprietária do Mato do «Bom Jesus».

Constando ao Senado que fora construída uma barraca de palha, com depósito de matérias pútridas em cima da Fonte de Lilau, comunicando-se isso à fonte com grande detrimento do público, ordenou, a 28-7-1825, ao Juiz Almotacel Francisco Xavier Lança, que fosse lá e, sendo aquilo certo, notificasse os senhorios que desmanchassem a barraca e limpassem o terreno daquele imundo depósito (Arq. de Macau, Março de 1953, p. 167).

(fonte: livro Toponímia de Macau - Volume I - Ruas com Nomes Genéricos - de Padre Manuel Teixeira - edição de 1979)

 

Publicação Fevereiro 2011