saiu no Jornal Tribuna de Macau de Novembro 2010

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Fernando "Nano" Branco e os The Grey Coats

Quem viveu os Festivais de Música em Macau nos anos 60, certamente se lembra dos The Grey Coats, e o nome de Nano Branco é aquele que bem lembra o conjunto, especialmente por ter sido o seu vocalista. O Nano hoje (Julho 2010) reside em São Paulo, Brasil, já há uns anos, tendo emigrado de Portugal. Nas conversas a relembrar com saudades destes anos dourados de Macau, surgiu a pergunta abaixo que fez o Nano a contar um pouco da história deste conjunto que foi sucesso nos festivais de música, que ora aconteciam no Teatro Cheng Peng ora no Nam Van:

"mas, porque The Grey Coats"? e Nano respondeu .

  A convite do senhor Américo Ângelo ,gerente da Pousada de Macau,fizemos a nossa estreia naquele local. Seria o ano de 1961/62?. Como não tínhamos uniformes e era uma ocasião especial (pelo menos para nós),  pedimos emprestado ao conjunto “ Four Aces “ uns casacos de veludo e, por mero acaso, foram disponibilizados uns... de cor cinzenta. Poderiam ter sido vermelhos ou de outra cor dado que os possuíam de várias cores...  Mas foram os cinzentos... e assim surgiu o nome do conjunto “The Grey Coats” !

Na pousada passámos a actuar aos fins de semana e só durante as férias, interpretando variadas canções latino-americanas, portuguesas e americanas.Éramos sobretudo um conjunto vocal. Apenas uma viola, um baixo dos antigos, um bongo,  pequenos instrumentos de percussão...e vozes!

Era formado pelos irmãos Branco (Nano e Bébé), Tonin Pinto Marques e João (PomPom Chai) Magalhães e ... Neco Barros. Posteriormente ingressou no conjunto o Ricky Rosário (irmão do API), transferido dos Colorfoul Diamonds, exímio guitarrista, preenchendo a escassez instrumental e enriquecendo assim o conjunto, que actuava sobretudo em festas particulares em Macau e Hong Kong.

 

Em 62 houve um festival, percussor dos festivais de Macau, no qual fomos considerados o melhor conjunto presente com a canção “ A teenager in love “. O primeiro casino flutuante Macau Palace também foi onde actuámos, aos fins de semana.

 

O conjunto dissolveu-se naturalmente com a saída de Nano Branco primeiro, seguido de seu irmão Carlos (Bébé) e do João Magalhães ( PomPom Chai ), para Portugal.  Assim, vim a saber que com o fim da primeira formação, o nome foi cedido a outro conjunto, a pedido.

 

O Api, no seu artigo escrito para a Revista Macau lembra as belas interpretações vocais do conjunto, como Let It Be Me e Bye Bye Love, dos Everly Brothers, nas concertadas vozes do Nano, do Bébé , do PomPom e do Tonin.  Os Grey Coats eram requisitados para festas em residências da elite e em banquetes de casamento no Hotel Riviera e no Clube de Macau (foto), tendo até se apresentado no Clube de Recreio de Kowloon numa noite de gala que reuniu a comunidade portuguesa de HongKong.

 

O nome Grey Coats, parece que dá sorte e talento. E a nova formação ganhou o I e II Festivais. Os novos componentes eram Diamantino Pereira (de Portugal), autor de Maria Traz a Sopa, o Toninho Lopes, Jackie Mahommed (de ascedência árabe) e Leonardo (Nado) Amarante.

 

 


sentados: Carlos e Nano Branco, João Magalhães, e em pé Tonin Pinto Marques.  Os Grey Coats com os casacos cinzas no Clube de Macau em 1964.  Os Grey Coats ganharam os 2 primeiros festivais de música de Macau nos anos 60, porém cada um com uma formação diferente.


Num show em que ainda não vestiam os casacos cinzas




Agradecimentos ao Nano Branco

divulgação - Julho 2010